Escrita pelo excêntrico autor britânico Alan Moore e ilustrado pelo emblemático Dave Gibbons, a série Watchmen — publicada originalmente em doze edições mensais pela editora estadunidense DC Comics em 1986 — é considerada como um ponto chave na evolução das histórias em quadrinhos.

A introdução de abordagens e linguagens antes ligadas apenas aos quadrinhos tidos como alternativos, apresentou uma história singular que lidava com temáticas voltadas para uma platéia mais madura.

A série foi um sucesso absoluto de público e crítica, ajudando a difundir o formato conhecido como graphic novel (ou romance visual), até então pouco explorado pelo mesmo mercado.

Watchmen, no contexto dos quadrinhos da década de 1980 — ao lado de outros títulos como o aclamado, O cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Maus de Art Spiegelman — pode ser considerado com um dos responsáveis diretos pelo despertar do interesse do público adulto para o formato até então associado somente aos grupos infanto-juvenis.

O sucesso foi tamanho que a obra foi agraciada com vários Prêmios Kirby e Eisner, além da grande honraria especial no tradicional Prémio Hugo, dirigido à literatura; sendo que até hoje foi à única graphic novel a conseguir tal feito. Watchmen também é a única história em quadrinhos presente na lista dos 100 melhores romances eleitos pela revista Time desde 1923.


Quis custodiet ipsos custodes?

Ambientada em uma realidade alternativa dos Estados Unidos da década de 1985, no qual os aventureiros fantasiados são um elemento do cotidiano, a trama de Watchmen apresenta toques de drama de crime e aventura que incorpora temas e referências relacionados à filosofia, ética, moral, cultura popular e de massas, história, artes e ciência.

A história principal gira em torno dos desdobramentos de uma conspiração envolvendo a investigação do assassinato de um super-herói. Em torno desta trama giram várias ramificações que exploram a natureza humana e as diferentes interpretações de cada pessoa para os conflitos do bem contra o mal.


Um dos pontos principais presentes ao longo de toda série é responsabilidade moral. A frase quis custodiet ipsos custodes, traduzida comumente como “quem vigia os vigilantes”, extraída da sátira de Juvenal reflete o sentido da obra que procura questionar o próprio conceito de super-herói.

Nesta versão alternativa da Terra, o então presidente dos EUA, Richard Nixon, teria conduzido o país à vitória na Guerra do Vietnã e em decorrência deste fato, teria permanecido no poder por um longo período.
No sentido horário começando pelo topo: Dr Manhattan, Comediante, Ozymandias, Coruja, Rorschach, Capitão Metropolis e a Espectral.
Chegando a um momento delicado no contexto da Guerra Fria e em vias de declarar um conflito nuclear com a União Soviética. A mesma trama envolve os episódios vividos pelo grupo de heróis do passado e do presente composto por Ozymandias, o Coruja, o Comediante, o Dr. Manhattan, a Espectral e Rorschach.

Volume um de dois

Com um currículo destes não era de se estranhar que a história de Alan Moore acabasse aportando nas telas de cinema e até mesmo nos videogames. A cada ano que se passava a expectativa aumentava, mas nem um jogo ou filme foi produzido, isso até o anúncio oficial da adaptação cinematográfica da obra, agendada para o dia 6 de maio de 2009.

Com o anunciou do filme as especulações sobre o possível salto dos combatentes do crime para os videogames voltaram a povoar a mídia. Eis que a revista Variety — publicação especializada na indústria cultural — revelou que a Warner Bros. Interactive estaria distribuir o jogo de Watchmen através de download e em dois capítulos.

Segundo Samantha Ryan, vice-presidente sênior de produção e desenvolvimento da Warner Bros. Interatvive, o que motivou a escolha do formato foram os problemas associados aos games inspirados em filmes e quadrinhos. Com cronograma tradicionalmente apertado, estes jogos acabam apresentando uma qualidade duvidosa, com aspecto de que foram produzidos às pressas.

Com uma produção menor (já que os jogos serão mais curtos do que o normal), a companhia espera contornar o problema de tempo de produção, programando o lançamento do primeiro capítulo para a mesma época que o filme, e o segundo, com o lançamento do DVD do filme.

Se o projeto mostrar sucesso, a Warner já estuda a possibilidade de encomendar mais episódios. O desenvolvimento do título ficará a cargo da Deadline Games, a mesma por trás de Faith and a .45.

Segundo Ryan o jogo irá apresentar a mesma qualidade gráfica que os usuários dos consoles de ultima geração estão acostumados a ver em títulos que são lançados em discos e que não será um game simples.

Prólogo do caos

Os detalhes da produção ainda são turvos mas o que é certo é que você poderá controlar o Coruja e Rorschach. Outro ponto importante é que o jogo será uma espécie de prólogo do, Watchmen (o jogo) remetesse diretamente a época em que Rorschach e Coruja eram jovens e fisicamente aptos do que suas contrapartes envelhecidas da graphic novel.

Você poderá controlar os personagens em campanhas singleplayer (sendo que o computador irá controlar o segundo herói) ou em partidas cooperativas com tela dividida (splitscreen). Como o game se passa em um período prévio a aprovação da Lei Keen, os defensores da ordem poderão fazer o que eles fazem de melhor, espancar criminosos.

Proibido para menores

Sangrento e brutal, o nível de punição infligido pela dupla de heróis é obviamente voltado exclusivamente par ao publico maduro, como o filme que receberá a maior classificação etária possível dentro dos Estados Unidos.

Cpa dos quadrinhos.O jogo explora a personalidade de cada um dos personagens, aplicando-as as suas técnicas de combate. Rorschach e Coruja possuem movimentos singulares e técnicas especiais. Rorschach, sendo mais feral e destemperado abusa de golpes sujos e “objetivos” além, é claro, do seu golpe psicótico favorito a boa e velha combinação de um isqueiro com uma lata aerossol. Já o Coruja é muito mais refinado, utilizando artes marciais, seu sempre presente cinto de utilidades e outras tecnologias.

Para os fãs mais ardorosos que de antemão já se preocupam com a qualidade do título, podem ficar aliviados em saber que o roteirista encarregado da história e dos diálogos é ninguém menos do que a lenda Len Wein (co-criador do Monstro do Pântano e Wolverine).

E se Alan Moore preferiu ficar dissociado do projeto (ou de qualquer outro trabalho envolvendo seus anos de DC Comics) o grande ilustrador Dave Gibbons juntou-se a equipe de produção do jogo como consultor do jogo.

Agora resta apenas esperar e conferir se o filme e o jogo farão jus à obra de Alan Moore.